31.10.05

Tentativa de Resenha da vez

Luís Câmara Cascudo, um estudioso do folclore (Folk-Lore) e das tradições orais brasileiras. Em seu livro “Contos Tradicionais do Brasil” ele põe por escrito 102 contos orais tradicionais no Brasil e analisa suas origens, em grande maioria européia. Todos esses contos tem como requisito características fundamentais que foram avaliadas pelo autor, são elas: antigüidade, anonimato, divulgação e persistência.
Além disso após cada conto o autor o compara a outros semelhantes já descritos por outros autores, alguns até famosos como os irmãos Grimm, e cita algumas de suas variantes. Outro ponto a ser destacado é a divisão por classificação proposta pelo autor que conseguiu distribuir esses contos em 12 tipos: Encantamento, Exemplo, Animais, Facécias, Religiosos, Etiológicos, Demônio Logrado, Adivinhação, Natureza Denunciante, Acumulativos, Ciclo da Morte e Tradição.
Bem escrito e bem editado, é um bom livro para se ler nas horas vagas (como quase todo livro de contos). No entanto talvez a sua leitura deveria ser mais indicada a jovens e crianças para que esses entrassem em contato com uma espécie de literatura que está se perdendo. No Brasil quase não se vê mais a tradição oral e os contos “tradicionais” que nos são acessíveis são produtos da comunicação em massa, como alguns clássicos da Disney.
Ainda assim é uma boa sugestão de leitura, não por substituir esses filmes (que até tem o seu mérito, mas...), mas porque mostra um pouco de nossas origens. Afinal como dizia alguém importante que não lembro o nome nem a frase direito e tive preguiça de consultar "aquele que tudo sabe": “um povo que desconhece sua história será sempre um escravo”.

Recomeço

Após um longo período pensando ter sido um erro o começo desse blog, agora começo a pensar que não foi, ou pelo menos vou tentar me esforçar para que não tenha sido. A idéia inicial seria falar mal dos outros, mas logo observa-se que isso nada tem de inovador ou de atrativo. Depois, principalmente quando comecei a postar um conto aqui, foi quando comecei a pensar em usa-lo como exercício de estilo.
Tudo isso agora vejo que foi um erro. Tentar definir um tema que será abordado sempre talvez seja bom para aqueles que já possuem uma idéia muito bem definida do que fazer, eu não tenho. Vou usar sim esse blog a partir de agora como um exercício de estilo, mas de forma muito mais abrangente. Não vou apenas abordar contos ou novelas, mas sim muito mais outras coisas. Vou procurar me testar de diversas formas, desde resenhas até mesmo aos contos.
Creio que isso seja um recomeço com um nome antigo. Que venha o “X por falta de Criatividade”, em sua versão mais nova e espero que mais sucedida. Vou me dedicar mais dessa vez para ver se consigo sair do 0.
Agora vou-me.

11.10.05

Um prêmio a falsa moralidade brasileira

"Brasileiros Pocotó: reflexões sobre a mediocridade que assola o Brasil" é um livro de Luciano Pires que peguei emprestado. É composto por vários textos desse autor que discorrem de vários temas. É até um bom livro, tem desenhos legais, algumas situações engraçadas, mas é muito muito preconceituoso.
Para o autor as encoclopédias Barsa de antigamente é que eram conhecimento de verdade. Pois sua pesquisa podia se perder em coisas que não eram pesquisadas e assim o acervo de cultura inútil poderia ser ampliado. É certo que pesquisar na internet geralmente não gera conhecimento, mas francamente cultura inútil também não. Deixemos Cartago sob o sal de seu solo.
Outra. Lula ganha a eleição, os preços vão as alturas e a culpa é da falta de nacionalismo dos brasileiros. Esse não merece comentários.
Outra. A qualidade da programação (na opinião dele) caiu e a culpa é da burrice dos brasileiros. Afinal nos meios de comunicação em massa você deve lotar de programas educativos e documentários, pois a tv serve para isso mesmo. É proibido o entretenimento chulo, simplesmente porque ele não gosta. Confesso que não gosto de tv aberta no domingo a tarde, mas há pessoas que gostem, prefiro respeitar o direito desses que gostam daquilo, mesmo que não considero aquilo gosto (=P). Para ele o problema é mau gosto e burrice, penso que não seja bem isso, ou melhor, somente isso.
Essas e muito mais outras se encontram neste livro feito para aqueles que gostam de mediocrizar a mediocridade.

6.10.05

Condenado - parte 4

Parte 4 – Diálogo das Trevas.


Em algum lugar escuro e úmido, que parecia ser uma ruela esquecida de alguma cidade, 3 sombras estavam agrupada. Logo uma quarta sombra chegou e elas se puseram em círculo envolta de uma pequena vela negra.
- Demorou bastante – Falou a maior delas, que parecia ter duas vezes o tamanho das outras e possuía a voz de um trovão – Por que não permitiu que o marquês perdesse a cabeça logo hoje?
- Ele não é qualquer um como os outros... – Disse uma das sombras medianas que tinha uma voz suave como a de um rapaz.
- O que você quer dizer com isso? – Voz de trovão.
- Que ele é diferente – Voz suave.
- Na verdade ele é bem diferente. Quando disseste – apontando para uma das sombras que até agora não falou – que ele era uma ameaça, não vi com seriedade o comentário. Mas hoje sei o quanto nós passamos perto de ser engolidos pelo jogo de poder. Sorte nossa que ele não nos identificou a tempo.
- Sim, ele acusa outros que não nós – Disse uma voz feminina – mas não tardará muito a nos desvendar.
- Agora não faz mais diferença... – Voz de trovão.
- Faz diferença, sim. – disse a mulher dando origem a um breve silêncio por ela mesma quebrado – Ele tem potencial, muito. Tem ódio e esse ódio era direcionado a outros. Por isso não nos via. Mas o adiamente aplacou seu ódio. Não tardará muito até nos descobrir. Seu orgulho o exige. Tentei despista-lo, mas tenho certeza que não logrei sucesso. Creio que... o número quatro precisa de mais uma soma.
- Ele quase nos descobriu... – disse uma voz cansada, como a de um velho, que até agora não havia se pronunciado. - ou melhor, ele chegou muito próximo de nos destruir. Se tivéssemos seguido o cronograma original estaríamos destruídos.
- Ai já exageras... – disse a mulher – mas com certeza ele nos teria descoberto. Por isso que os chamei até aqui. A execução foi adiada para amanhã. Ele terá até ao amanhecer para descobrir nossas identidades, pelo menos aquelas pelas quais ele nos conheceu, e o propósito de termos feito tudo aquilo. Se ele conseguir, ele merece o dom.
- Quer dizer que basta pensar um pouco mais para merecer o nosso dom? – Voz de Trovão.
- Não. – Respondeu resoluta a mulher – Não foi só por isso que ele merece. Ele merece por ter sido duro de derrubar. Por ter arrogância e orgulho intocados mesmo depois de toda humilhação. Por entender muito bem dos jogos sociais. E porque se sua cabeça rolar amanhã, com certeza haverão muitas pessoas traumatizadas. Não sei do que ele é capaz, mas com certeza vai marcar profundamente todas aquelas pessoas.
- O que ele vai fazer? Careta? – gozou Voz de Trovão.
- Não, idiota – Disse a mulher – Ele tem um olhar intimidante. Demais até. Parece até ser sobrenatural. Há algo nele... é como se fosse uma tendência e seria bom usa-la a nosso favor.
- Que seja... Não vou tomar partido nisso. Ele é sua responsabilidade agora. Já temos o que viemos buscar. Mas... creio que um dia ele nos destruirá a todos se for mantido vivo. Muito cuidado... - Quando cessou a Voz de Trovão, a maior das sombras sumiu como se nunca estivesse estado ali.
- Vou apoiar sua vontade. Mas é preciso cuidado redobrado com esse ai. Faça o que achar que deve ser feito. – Com isso a sombra da Voz Suave também desapareceu dali.
- Saiba que ele agora não representa mais perigo algum. Na verdade, estamos aqui apenas como um... desencargo de consciência. Mas isso vale para agora. Se deixa-lo viver e se ele nos for somado, logo terá novamente poder suficiente para nos destruir. E desta vez não ser por meio de artefatos. Ele é agora um monstro caído e ferido, mas não morto. Julgue bem antes de tomar qualquer atitude. – Com isso a Voz Cansada, deixou apenas uma sombra solitária diante da vela negra.
- Com o nascer do sol saberemos... – disse a mulher antes de apagar a vela negra.